O etarismo é uma forma silenciosa e cruel de preconceito que ainda se alastra nos bastidores (e nas telas) do entretenimento.
Não é raro ver artistas — principalmente mulheres — sendo cobradas por “parecerem mais novas”, por “não acompanharem as trends” ou por simplesmente existirem com mais de 40 anos. Estamos usando a foto de Lady Gaga e Madonna como exemplo de rivalidade criada em torno delas, seja por idade ou por estilos de trabalho.
Mas o talento não expira. A entrega artística, a voz, a presença de palco e a emoção compartilhada com o público não têm prazo de validade.
Pelo contrário: a vivência soma à arte.
A bagagem de quem está há anos nesse ofício garante apresentações com mais profundidade, profissionalismo e sensibilidade — qualidades que, muitas vezes, não vêm com a juventude, mas com a estrada.
O mais revoltante é que muitos artistas jovens, sem domínio cênico ou preparo, recebem mais destaque apenas por estarem dentro do “padrão da vez”. Enquanto isso, nomes consagrados enfrentam resistência e críticas pelo simples fato de envelhecerem — algo que, diga-se de passagem, é natural e inevitável.
Outro ponto essencial: a pressão estética.
Enquanto homens envelhecem e são chamados de “charmosos”, mulheres são pressionadas a congelar no tempo, gastando fortunas e perdendo autonomia sobre seus próprios corpos. A cultura do “novo a qualquer custo” precisa ser questionada com urgência.
É hora de deixar claro:
A idade não desqualifica talento. A experiência não limita inovação. O palco é lugar de quem entrega, emociona e transforma — independentemente do número no RG.
Chega de usar o etarismo como régua de validade.
Vamos valorizar quem abriu caminho, quem ainda está entregando tudo, e quem prova, todos os dias, que arte de verdade não envelhece — se reinventa.
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